A matinal

6 da manhã. O despertador toca e as duas curtas horas de sono perdem para a vontade de apanhar umas ondas sozinho. Podia ir mais tarde, mas quero ter a certeza de que sou o primeiro. Quero apanhar "aquilo só para mim". Chego à praia, subo as escadas ansioso para ver o que me espera. Ninguém dentro de água. Nem ninguém nem mesmo o Sol, que ainda espera sem pressas pela sua troca de turno. Fui o primeiro a chegar. Vou apanhar "aquilo só para mim". Visto-me a correr, entro dentro de água e remo. Chego "lá fora" e olho para terra. Será que vem aí mais alguém? Parece que não. Apanho uma onda. Apanho outra e mais outra. Sem stress, sem picardias, sem os vinte gajos do costume, aqueles que berram e querem as ondas todas para eles. Os que me fazem acordar às 6 da manhã. Mas hoje tive sorte, era só eu, as ondas e o Sol que entretanto apareceu, tão radiante como o meu sorriso no final de cada onda.

Só faltou mesmo alguém com quem "apanhar aquilo só para nós".